sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Erudição não é sinônimo de educação

Fonte: WikimediaCommons - Explosão Solar
Nós não podemos ficar presos às técnicas de ensino, aos conceitos, aos livros. É muito importante que professores e alunos saibam se expressar, se comunicar. Precisamos não somente de informação mas de conhecimento organizado. Muito mais vale pouca informação transmitida de forma organizada ou didática do que muita informação repassada, que não dizem nada, vomitadas aos alunos. E para isso, é preciso saber aprender também, porque se diz que quem não for um bom aprendente, não será um bom ensinante.


“Há duas espécies de conhecimento: o geral e o especializado. O conhecimento geral, por maior que seja em quantidade ou variedade, pouco serve para a acumulação de dinheiro. As congregações das grandes universidades possuem, em conjunto, praticamente todas as formas de conhecimento, conhecidas da civilização. A maioria dos professores tem pouco dinheiro. Especializam-se em ensinar conhecimentos, mas não se especializam na organização ou no uso do conhecimento. 

O conhecimento não atrai dinheiro, a não ser que seja organizado e inteligentemente dirigido, através de planos de ação práticos, com o objetivo definido de acumular dinheiro. A falta de compreensão desse fato tem sido fonte de confusão para milhões de pessoas, que creem, falsamente, que ‘conhecimento é poder’. Nada disso! Conhecimento é apenas poder em potencial. Só se torna poder quando se é organizado em planos definidos e dirigidos a um fim definido. 

Esse ‘elo ausente’ em todos os sistemas de educação pode ser encontrado no fracasso de instituições educacionais em ensinar aos estudantes como organizar e usar o conhecimento, depois de adquiri-lo. 

Muitos cometem o erro de presumir que porque Henry Ford teve pouca ‘instrução’, não era um homem ‘instruído’. Os que cometem esse erro não compreendem o significado real da palavra ‘educar’. Ela é derivada do latim educo, que significa eduzir, derivar, desenvolver. 

O homem educado nem sempre é o que tem abundância de conhecimentos gerais ou especializados. O homem educado é o que desenvolveu as faculdades da mente de tal modo, que poderá adquirir o que deseja, ou seu equivalente, sem violar os direitos alheios.
Napoleon Hill
Pense e Enriqueça, p.55-56 (grifo nosso)
Isso se relaciona ao que Arthur Schopenhauer (1.788-1.860, filósofo alemão), em Escritos Filosóficos Menores diz: “Os eruditos são aqueles que leram coisas nos livros, mas os pensadores, os gênios, os fachos de luz e promotores da espécie humana são aqueles que as leram diretamente no livro do mundo.” Nesse sentido, digo que quanto mais erudito é uma pessoa mais ignorante ela é, pois acumular informação qualquer computador faz. A questão é a sabedoria em como utilizar o conhecimento, que depende de prática, experiência que, até certo ponto, poder ser “herdado” de um mestre ou professor. De toda sorte, Nietzsche, filósofo alemão, diz que ninguém lê no livros ou ouve nas palavras mais do que já sabe.

De tudo quanto se lê, se estuda, de nada vale se não for organizado, que na prática se reflete em forma de disciplina ou metodologia. Por isso, estudar é diferente de ler. O simples fato de você grifar partes importantes, transcrever ideias, voltar páginas para reler um conteúdo que se relaciona ao parágrafo que você lê etc., transforma informação em conhecimento e, pela prática, transformar-se-á em sabedoria ou know how. Uma bela maneira de organizar o conhecimento é escrevendo textos, muitos textos, artigos e mais artigos. Não somente isso, fale em público, ensine, dê palestras! Eis aqui um segredo: estude como se fosse ensinar a alguém.

Agora, uma boa oportunidade que temos são os Blogs, onde podemos treinar nossa comunicação e expressão. A sabedoria chinesa, que podemos encontrar no I Ching (O Livro das Mutações) diz que é sábio compartilhar nossos aprendizados conforme vamos aprendendo. Experimente também escrever poesias, talvez em um caderno para que ninguém leia – já que é como ficar nu(a) para quem lê; é um caminho sem volta. Por sorte, com a prática você consegue driblar os receios da mente e transformar as poesias em sentimentos não seus, mas de quem mesmo lê; parecendo ser um fingidor, como uma Autopsicografia:
O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.

E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.

E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração.
Fernando Pessoa

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